Entrevista: Eli Tanhote
- ricardorpresende
- 8 de abr. de 2020
- 6 min de leitura

O entrevistado de hoje é o autor de O Legado das Estrelas, obra que está no penúltimo dia de pré-venda pela editora Flyve (selo Voe). Neste bate-papo, ele contou sobre o processo de escrita do livro e de como sua vida cruza com a de seus personagens. Também falou de suas influências, dizendo quais são algumas de suas inspirações e comparou O Legado das Estrelas com uma obra de grande sucesso. Para saber mais, só lendo a entrevista.
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Ricardo R. P. Resende (RRPR): Eli, eu queria que você me contasse um pouquinho sobre a experiência de escrever O Legado das Estrelas.

Eli Tanhote: A experiência de escrever O Legado das Estrelas foi íntima em alguns momentos, porque algumas coisas que acontecem no livro já aconteceram comigo ou estavam acontecendo, enquanto eu criava . Eu escrevi O Legado das Estrelas há quatro anos. Durante a escrita eu fui vencendo os meus processos ao mesmo tempo que os personagens venciam os processos deles também. Então, O Legado das Estrelas nasceu de um questionamento meu. Eu sempre me questionei muito sobre o porquê de viver, sabe? O porquê de nós vivermos, o porquê de nós morrermos e o que existe entre esses dois momentos: a vida e a morte. Será que estamos vivendo por algo maior? Esse questionamento me levou a escrever O Legado das Estrelas.
RRPR: Você falou muito das dificuldades que você e os personagens viveram. Gostaria de falar um pouco sobre elas?
Eli: Os processos que os personagens passam no livro são processos pelos quais muitos de nós passamos quando estamos nessa transição de adolescência para a vida adulta. Nessa transição é preciso ganhar uma independência nova, lidar com as perdas, e descobrir que, mesmo com o mundo caindo sobre a nossa cabeça, a gente tem continuar vivendo, porque a vida não é feita só de coisas boas. Ela é feita de coisas ruins também. Eu passei por isso enquanto eu escrevia o livro. Eu saí da casa dos meus pais aos dezoito anos e fui morar sozinho na capital do estado, Porto Alegre. Eu tive que lidar com as perdas e com os meus problemas sozinho, porque era eu e comigo mesmo. E tinha que lidar com as responsabilidades de ser um adulto naquele momento. Então, eu tive que lidar com a solidão, que é um assunto que tem muito no livro. Tive que aprender a ser a minha própria companhia muitas vezes. E isso me fez crescer, me fez entender o que é a solitude, que é uma coisa que os personagens do livro também tentam entender. E, ao mesmo tempo em que aprendi sobre solitude, aprendi que a minha vida completa as de outras pessoas. As nossas histórias foram feitas para serem contadas juntas, e foi assim que eu comecei a fazer parte das histórias de outras pessoas também. Eu comecei a sentir prazer de fazer parte da vida de outras pessoas. O Legado das Estrelas tem isso como uma de suas mensagens principais. Então, essas foram as situações que os personagens viveram e eu vivi na pele, enquanto escrevia.

RRPR: O quanto o livro te ajudou a passar por estes momentos?
Eli: O livro me ajudou a expressar todos os sentimentos e questões que eu estava sentindo naquele momento. E poder viver a vida de outras pessoas, outra história, e falar sobre os assuntos que eu queria foi de um privilégio muito grande, porque eu queria conversar com as pessoas sobre isso e contar essa história de ficção, que é a do Bruno e da Karen. Deu-me a oportunidade de enviar uma carta aberta ao mundo para que pudéssemos conversar sobre as nossas vidas. Então, eu penso que o livro me ajudou no momento em que eu pude sair um pouco da minha realidade para escrever a de outros personagens, mas, mesmo assim, pudesse falar sobre o que estava acontecendo comigo. Tem muito de mim no livro, mas muitas coisas são ficção. Então, é muito bom quando a gente pode mudar a visão da história de acordo com outros olhares, com outras vidas, com outras inspirações… Então, o livro me ajudava tanto nessa parte de falar sobre o que eu estava sentindo, mas também de falar sobre outras realidades, de sair um pouco da minha zona de conforto.
RRPR: Na sua sinopse, você explica que Bruno perdeu tudo que tinha e foi obrigado a continuar sozinho. Conte-me um pouco sobre ele.
Eli: Na história, o Bruno está saindo do Ensino Médio e as únicas pessoas que ele tem para confiar são o melhor amigo, Gael, e a mãe dele, que é o porto seguro dele, que o ensinou a amar, que o ensinou o que é cuidar das pessoas, que tenta de todas as formas colocar um sorriso no rosto do filho. Quando o Bruno perde a mãe tão cedo, ele sente que não tem mais nada . E assim ele é obrigado a continuar sozinho, porque não conseguia confiar em mais ninguém. Ele não tinha um bom relacionamento com os colegas, não tinha um bom relacionamento com o pai, porque este é alcoólatra e abandonou a família. Então, o Bruno se sente solitário e, nesse momento, ele decide ser a sua própria companhia. Talvez isso não vá ser uma boa ideia, mas aí as pessoas vão ter que ler o livro para saber o que acontece.
RRPR: Se o Bruno é o que perdeu tudo, Karen é a que deixou o passado para trás. Eu queria que você me contasse um pouco sobre a protagonista feminina do livro.
Eli: A Karen morava em uma cidade chamada Vila Bela. Lá, ela tinha seus melhores amigos, pessoas que conhecia e sempre foi muito dependente dos pais, por algumas coisas que aconteceram no passado. Quando o pai dela precisa liderar a empresa da família, que fica em outra cidade, Karen e sua família se mudam para Efraim, que é onde Bruno mora. Assim, ela precisa deixar para trás tudo que tinha conquistado e começar uma vida nova naquele lugar que ela não conhece, onde não tem pessoas de confiança, a não ser os seus próprios pais. Isso a torna ainda mais dependente deles. A busca da Karen é por essa independência, essa liberdade… Mas ela se acostumou tanto com a situação, que para ela, no momento, é algo impossível se tornar alguém independente.

RRPR: Eli, quais são os livros e autores que mais te inspiram? Se você tivesse que comparar O Legado das Estrelas a um único livro, qual seria?
Eli: Os autores que mais me inspiram para escrever e para criar as minhas obras são John Green, Collen Hoover e Stephen King. Eu gosto muito dos livros desses autores e, com certeza, eles têm “culpa” naquilo que eu escrevo. Difícil te responder o livro em que eu me inspiro para escrever, porque eu estou sempre me inspirando nos livros que leio no dia-a-dia. Eu leio um livro novo e ele me traz uma inspiração, mas, se eu pudesse dizer que livro me inspirou e compará-lo a O Legado das Estrelas, eu diria Por Lugares Incríveis, da Jennifer Niven.
RRPR: Por Lugares Incríveis, inclusive, virou filme da Netflix neste ano. Em que sentido o Bruno e a Karen se assemelham à Violet e ao Theodore e em que ponto eles são diferentes?
Eli: Verdade, Por Lugares Incríveis ganhou adaptação na Netflix. Eu prefiro muito mais o livro, como sempre, mas eu vejo que a Karen e o Bruno tem de semelhante à Violet e ao Theodore que eles são tão diferentes, mas tão parecidos ao mesmo tempo. E eles encontram um no outro a oportunidade de ver o mundo de uma forma diferente. Posso dizer que eles são diferentes na parte de como os dois casais se envolveram. A Violet e o Theodore ainda estão no Ensino Médio, o Bruno e a Karen já saíram. Eu também vejo que o casal de Por Lugares Incríveis é mais denso. Eles têm uma história mais densa, mais pesada. Em O Legado das Estrelas, creio que o casal Karen e Bruno tem uma leveza que os acompanha. Não que a história não tenha momentos mais complicados, mas eu creio que o casal do meu livro tem mais leveza.
RRPR: Eli, muito obrigado pela entrevista. Tenho certeza que todos que leram devem estar bastante ansiosos para receberem seus livros. Queria encerrar te pedindo para deixar uma mensagem aos seus leitores.
Eli: Eu espero que todos que leiam o Legado das Estrelas se sintam abraçados por mim. Eu escrevi esse livro para perguntar a mim e a você se o modo que estamos vivendo vale a pena, talvez conversar sobre nossas perdas e também falar de nossos lugares no mundo. E se você sentir que perdeu o controle, e não sabe o que está fazendo. Venha cá, faça parte dessa constelação comigo. Muita arte para todos nós!
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